Melgaço, de 13 a 16 Fevereiro 2010

1º dia: 1ª caminhada

Dia 13 de Fevereiro, o primeiro dia do que iria ser um belo fim de semana prolongado preenchido de caminhadas por entre paisagens a perder de vista e contacto directo com o que há de mais selvagem em Portugal.

Demos início em Ganfei (Valença) ao Trilho entre Mosteiros, o ponto de encontro foi precisamente junto do magnífico e bem conservado mosteiro beneditino de Ganfei (séc. VII).

O dia avizinhava-se com tempo limpo mas frio, nomeadamente no início do dia, pelos caminhos menos expostos ao sol e por entre a floresta densa que começávamos a subir pela encosta.

A subida era a pique mas ainda bem pois deu para aquecer, o frio que se sentia era ajudado pelo vento... À medida que subíamos, a paisagem tornava-se cada vez mais surpreendente sobre o Rio Minho já que o avistávamos agora serpenteando sobre uma extensão de vários quilómetros e claro está sobre a "hermana" Galiza.

Depois de uma foto de grupo já com tamanha paisagem a servir de cenário, já se avistava o ponto alto do nosso trilho: Mosteiro de Sanfins (séc. VII).

Chegados ao local tivemos a oportunidade de contemplar tão belo convento e perceber o sossego e a paz que abunda em redor, como tal foi um belo local para almoçar, descansar e recuperar energia. A seguir como não podia deixar de ser, exploramos a zona envolvente com as suas ruínas até à ermida onde o vislumbre da paisagem é sublime.

Estava na hora de retomar o caminho e descer em direcção ao vale do Rio Minho, e como a descer todos os santos ajudam, rapidamente chegamos à ciclovia que liga Valença-Monção. Por entre ciclistas e autóctones que até nos ofereciam laranjas e após mais alguns kms pela ciclovia regressamos então ao local onde tínhamos os carros estacionados no Mosteiro de Ganfei.

Como o sol ainda aquecia, fizemo-nos à estrada pois iríamos pernoitar em Melgaço com uma paragem obrigatória em Lapela, uma aldeia junto ao Rio Minho muito pitoresca genuinamente portuguesa que com a sua torre já nos defendeu noutros tempos, percorremos as suas ruelas e começávamos já a pensar no jantar em Melgaço.

Chegados a Melgaço e banho tomado não haveria melhor forma de terminar o dia senão à boa mesa portuguesa: Cozido de Porco Bísaro e de sobremesa Bucho Doce com compota de Alvarinho, afinal de contas estávamos em pleno fim de semana gastronómico de Melgaço, pura coincidência…

2º dia: 2ª caminhada

Dava-se início a mais um dia de caminhada, desta vez iria ser em plena Serra da Peneda.

Apesar de um pequeno problema com um dos carros em que a porta teimava em não abrir e com a estupenda organização e espírito de inter ajuda dos Domingueiros a situação foi rapidamente ultrapassada. Alguns elementos foram à frente para tratar da logística dos carros pois como o percurso é linear seria necessário salvaguardar o regresso.

Reunido o grupo em Lamas de Mouro onde demos início à caminhada, o clima que se fazia sentir rondava os 0 graus e com algum vento frio à mistura era necessário caminhar para aquecer.

A paisagem idílica que nos envolvia era magnífica, por entre uma floresta frondosa cuja vegetação em estado puro leva-nos a entender que é cada vez mais urgente defender e proteger estes espaços; ouvia-se o burburinho da água dos riachos, o chilrear das aves ou o chocalhar dos rebanhos próximos são apenas alguns dos pequenos momentos sonoros desta lindíssima região.

Iam-se tirando as primeiras fotos das formações de gelo e esculturas geladas que a natureza ia providenciando nos pequenos cursos de água ou então fotos aos domingueiros que iam ultrapassando alguns obstáculos como lameiros e riachos.

Após alguns quilómetros decidimos parar junto ao Rio Peneda para almoçar e reabastecer as energias abrigados por mais um frondoso bosque, no entanto, não podia ser por muito tempo pois mal parávamos começávamos a arrefecer. Daí para a frente esperava-nos uma bela subida, daquelas que mesmo com o frio obrigava ao habitual strip.

Ao longo do trilho a paisagem vai-se modificando de forma harmoniosa e diversificando a vegetação e o tipo de floresta que vamos deixando para trás. À medida que se subia, as poças geladas e os cursos de água apareciam vidrados pelo gelo o que era uma tentação para os ir partindo.

Chegados ao cimo aguardava-nos prados a perder de vista com as suas paisagens esverdeantes. Apesar do vento que fazia sentir ainda mais o frio, a animação era geral por mais uma montanha vencida e pela paisagem bucólica e fantástica que tínhamos pela frente.

Calcorreando todos esses planaltos, avistávamos de vez em quando a pacatez dos habitantes locais: os garranos que nos observavam atentos. Apesar de algumas dificuldades por vezes em reencontrar o trilho já que não estava muito bem definido e as mariolas rareavam foi nos valendo o recurso da preciosa ajuda dos GPS.

Ao fim de mais alguns quilómetros o relevo começava a descer, era inequívoco que estávamos em plena descida para a vila da Peneda, já apareciam mariolas e o declive passa então a ser bastante acentuado mostrando mais uma vez outra paisagem formidável, à nossa frente tínhamos a queda de água deslizando do maciço granítico bem por cima do santuário da Sr.ª da Peneda, uma caminhada destas só podia terminar com uma contemplação destas.

Descemos à vila, cansados mas com a sensação de objectivo cumprido.

3º dia: 3ª caminhada

Depois de grande parte do grupo ter sido obrigado a cumprir as obrigações profissionais de 2ª-feira (hihi) os que ficaram, tinham à sua espera uma caminhada que, provavelmente por ser Carnaval, estava disfarçada de "fácil"..... ou isso, ou o aniversariante quis pregar uma partida de Carnaval ao pessoal!!!

À hora marcada, apareceram na Pousada da Juventude de Melgaço mais um casal que conheceu os Domigueiros através da net.... (estamos cada vez mais conhecidos!) e lá partimos em busca do "Trilho das Pesqueiras"....o problema foi o disfarce do trilho.... procuramos entre silvas, fizemos sku em ravinas... quase fomos fazer rafting (sem barco) e nada...... quando estavamos quase a desistir (corrijo, pq um Domingueiros nunca desiste!) estavamos a definir um trilho alternativo... lá estava ele.. e afinal era mesmo fácil (pelo menos a parte do meio) até que se voltou a disfarçar.... conseguindo desorientar-nos de novo.... até conseguirmos regressar à Pousada!

Por causa disso e depois de um banho reconfortante.... vingamo-nos numa visita à Adega de Reguengo de Melgaço (onde aproveitamos para abastecer as reservas de Alvarinho) e num lanche reforçado no Solar do Alvarinho...... enquanto aguardavamos a hora de jantar onde um naco de carne e um bacalhau com broa nos ajudou a recuperar as forças, só ficou a faltar a sobremesa mais apetecida ....o Bucho Doce com compota de alvarinho...


4º dia: o regresso

Neste dia em que o despertador tocou um pouco mais tarde, o regresso estava marcado com passagem pela área Protegida das Lagoas de S. Pedro em Bertiandos, onde uma Engenheira dedicada ao trabalho queria fotografar um terreno (embora sem saber bem a localização....) onde irá nascer uma obra....

Depois de uma curta mas bela e reconfortante caminhada nas Lagoas, com almoço incluído - e direito a espectáculo privado de patos - lá fomos tentar encontrar o tal terreno (que só no dia seguinte conseguimos confirmar tratar-se mesmo do local fotografado!).

Por fim, resta registar que o carro do Pedro, certamente por ver beber o Alvarinho durante todo o fim de semana, resolveu dar sinais de sede... e para não abrirmos uma das caixas de vinho que estavam na mala... lá lhe demos a beber um pouco de óleo..... de forma a que nos deixasse chegar a casa sem mais problemas....

E foi assim, mais um fim de semana excelente, rico em caminhadas, convívio e sempre acompanhado de boa gastronomia e regado com Alvarinho.....